quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ensaio sobre a Insónia

Sinto o frio do caixilho de metal da janela onde me debruço,

Onde me debruço sobre ontem, hoje e amanhã.

A leve brisa trespassa-me enquanto leva o fumo do cigarro que me consome.

Observo o aparentemente calmo e adormecido ambiente citadino à beira-mar,

Tão distante e diferente do desconforto, desolo e atribulação que lhe atribuo regularmente.

Mais complexo que a uma primeira e tacanha vista,

Denoto o piscar frenético da iluminação, os carros distantes e os zumbidos periódicos da maquinaria que pernoita.

Perco-me a pensar para onde a linha do horizonte me levaria,

Enquanto me distancio de todas as minhas vivências e escapo a todos os fúteis pensamentos que me toldam o julgamento.

Sinto a dor de todos e compaixão por tudo, contemplando apática e pronfundamente tudo, desprezando todos.

Volto a mim, questionando a sanidade destes pensamentos…

Olho para este negro tecto, que em mil pontos iluminados me há de apontar o caminho.

E adormeço-me sobre este deturpado e falacioso sentimento.

 

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