Sinto o frio do caixilho de metal da janela onde me debruço,
Onde me debruço sobre ontem, hoje e amanhã.
A leve brisa trespassa-me enquanto leva o fumo do cigarro que me consome.
Observo o aparentemente calmo e adormecido ambiente citadino à beira-mar,
Tão distante e diferente do desconforto, desolo e atribulação que lhe atribuo regularmente.
Mais complexo que a uma primeira e tacanha vista,
Denoto o piscar frenético da iluminação, os carros distantes e os zumbidos periódicos da maquinaria que pernoita.
Perco-me a pensar para onde a linha do horizonte me levaria,
Enquanto me distancio de todas as minhas vivências e escapo a todos os fúteis pensamentos que me toldam o julgamento.
Sinto a dor de todos e compaixão por tudo, contemplando apática e pronfundamente tudo, desprezando todos.
Volto a mim, questionando a sanidade destes pensamentos…
Olho para este negro tecto, que em mil pontos iluminados me há de apontar o caminho.
E adormeço-me sobre este deturpado e falacioso sentimento.
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